PEQUENOS SINAIS
A
presença do Homem na terra é hoje percebida pelos sinais
que deixou construídos em diversos materiais, que com o avanço
tecnológico modificou as técnicas herdadas e criou outras
para a fixação de novos sinais, que são divulgados
como motivos inéditos de sabedoria. "Alguns desses sinais são grandes, capazes de cobrir montanhas;
outros são de pequena dimensão, o que por vezes obrigará
a usar uma lente para os ver.
A pequena medalha, grande como a palma da
mão, é um dos muitos sinais amalgamados pelo homem e que
possui uma identidade objectual própria. Ela é produto de
uma disciplina autónoma, na qual a tridimensionalidade acontece
pela dupla bidimensionalidade dos efeitos visuais e que reflecte as novas
tendências da arte.
Como qualquer objecto artístico, a medalha é um sinal de
cultura, capaz de reunir em seu torno os homens de modo a uni-los, para
a validade e compreensão da sua existência.
Hoje a medalha não possui uma iconografia fixa como no passado.
Ela renova-se pela transgressão da memória histórica
e das normas estéticas, através de uma liberdade consciente
dos seus limites operativos. Para a sua concretização, muito
tem constituído a evolução dos processos técnicos
que condicionam a sua expressividade, assim como a utilização
de diferentes materiais, que lhe dão uma consistência e caracterização,
ricas e diferentes.
A medalha, enquanto múltiplo, encontra finalmente o gosto de um
coleccionismo refinado e culto, que não ambiciona possuir as grandes
peças de escultura, mas que assim escolhe e ama as obras de pequena
dimensão, que podem ser colocadas, também em vasto número,
num ambiente intimista e de modo a ser plenamente usufruído.
Helder
Batista
(
Professor escultor da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboal
)
|